Opinião do Jornalista Cristian Góes Foto: Reprodução |
O Governo de Sergipe vai nos endividar cada
vez mais. Quer, a todo custo, o empréstimo de R$ 727 milhões do Proinvest. Quem
vai pagar a conta? O público. Nós todos. Você. Esse dinheiro será torrado com
empreiteiras e obras duvidosas (até agora sem quaisquer projetos), mas sem
dúvida, de grande apelo eleitoral em seu favor de seus aliados de ocasião.
O pagamento dos juros desse empréstimo e dos
tantos outros que este governo e os passados fizeram arrebentam mensalmente o
nosso cofre, do público. São milhões de reais que deixam de ir para educação,
saúde, habitação, segurança, meio ambiente, funcionalismo, etc. A dívida chega
perto dos R$ 3 bilhões e o comprometimento das finanças ultrapassa os próximos
20 anos.
Sem afetação política, responda: o Estado
de Sergipe entraria em falência se não recebesse esse empréstimo? A resposta é
trivial: claro que não. Na verdade, o governo desperdiça todos os meses um
Proinvest. É dinheiro nosso que vai, por exemplo, para uma infinidade de altos
e médios cargos em comissão, distribuídos em 25 secretarias, fora as
autarquias, empresas e fundações.
A sensação é sempre de falta de gestão, de
desleixo, de desorganização, de esquemas nebulosos, politicagem miúda e
rasteira, de intensas relações promíscuas entre poderes, de acordos que sempre
têm dois vieses siameses: o econômico e o político. Dinheiro há e muito, dentro
do próprio Estado, mas falta o interesse público.
Isso não significa que gestões públicas não
devem se endividar. Contrair dívida parece necessário para realizar grandes
ações. No entanto, antes de assumir compromissos de tal monta, que implicará em
pagamentos de juros estratosféricos e a perder de vista, faz-se necessário
fazer o dever de casa. Não é assim em nossa casa?
No quesito de dever de casa o Governo de
Sergipe vive ano a ano, sendo reprovado exatamente por não fazê-lo. Basta
responder com sinceridade como anda – de gestão e de qualidade social – a
educação, a saúde, a segurança, o meio ambiente, etc. Talvez a melhor pergunta
seja: os R$ 727 milhões do Proinvest vão resolver os gravíssimos problemas
sociais de Sergipe?
Ao que parece, os acordos estão sendo
fechados: eleição na Câmara de Vereadores de Aracaju; conversas animadas entre
Marcelo Déda e João Alves; reunião do governador com deputados; acenos de Déda
festejados pelos Amorim; a vinda da presidenta em Dilma e outras conversas.
Tudo parece caminhar para a “paz”. O silêncio logo se fará presente e Sergipe
permanecerá assim, sem investir em políticas públicas essenciais, sem investir
nas pessoas, na educação, saúde, segurança, meio ambiente.
O Governo do Estado quer o empréstimo de R$
727 milhões para grandes obras, mas Sergipe continuará, em muitas áreas, preso
a tempos das capitanias hereditárias, da cultura da Casa Grande, de uma
aristocracia podre e que tudo pode, de uma imprensa oficial e muda, e de uma
massa escravizada e criminalizada que pouco se enxerga assim. Como bem escreveu
em “O povo brasileiro”, Darcy Ribeiro (1995, p. 219): “o Brasil passa de
colônia a nação independente e de Monarquia a República, sem que a ordem
fazendeira seja afetada e sem que o povo perceba. Todas as nossas instituições
políticas constituem superfetações de um poder efetivo que se mantém intocado:
o poderio do patronato fazendeiro”.
Por Cristian Góes do Portal Infonet
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