Neurocirurgião teria esquecido um fio de cabelo
no cérebro da paciente.
Foto: Jorge Henrique/ Equipe JC
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O neurologista do Hospital de Urgência de
Sergipe (Huse), Erick Souza Barboza, está sendo acusado pela família da
paciente Maria Helena Limeira Teles, 62 anos, de ter provocado a morte da
idosa, após fazer uma cirurgia para correção de um aneurisma cerebral, e
esquecer um fio de cabelo dentro de seu cérebro. O advogado Wilson Teles
Barroso, que representa os familiares de Maria Helena, disse que moverá duas
ações contra o neurocirurgião: uma por crime culposo, quando não há intenção de
matar, e uma ação civil por danos morais e materiais. O médico também já foi
denunciado ao Conselho Regional de Medicina (CRM) que vai apurar a
conduta dele.
A constatação de que havia um fio de cabelo
dentro do cérebro de Maria Helena foi feita pelo neurocirurgião Ronald Alves
Barcellos, numa terceira cirurgia na paciente, realizada desta vez, no Hospital
Cirurgia. Este procedimento ocorreu no dia 8 de março e assim que viu o cabelo,
junto com outras duas testemunhas – outro médico e uma instrumentista – fez uma
fotografia e, em seguida, procurou a Delegacia de Polícia, onde prestou um
boletim de ocorrência.
No boletim, o neurocirurgião Ronald
Barcellos, disse que “encontrava-se realizando uma microcirurgia vascular
intracraniana, na paciente de nome Maria Helena Limeira Teles, quando então
viu-se estupefado ao verificar um fio de cabelo em contato direto com o cérebro
desta paciente, certamente, esquecido no local após a realização de alguma
cirurgia anterior”.
O neurocirurgião segue na ocorrência
afirmando que “a paciente esteve submetida à cirurgia anterior promovida pelo
seguinte médico neurocirurgião: Erick Souza Barboza. Por derradeiro, informa
que tal negligência/imperícia ocasionou um processo infeccioso capaz de levar
uma pessoa a óbito, ou mesmo deixar seqüelas físicas irreversíveis”.
O médico Ronald Barcellos não quis dar
entrevistas sobre o assunto, mas outro neurocirurgião consultado, Augusto César
Esmeraldo, explicou que “um corpo estranho, como gaze ou até mesmo um fio de
cabelo deixado inadvertidamente em contato com o cérebro, podem causar
infecções gravíssimas, com possibilidade de desenvolver meningite,abscessos
cerebrais ou até a morte”. Ele acrescentou, ainda, que “o ambiente cirúrgico é
submetido a regras rígidas de comportamento para que a contaminação seja
minimizada. O cirurgião titular é o responsável em certificar se todas as
condições mínimas exigidas estão presentes”.
A paciente Maria Helena Teles morreu no dia
12 de março, às 7h25 da manhã, internada no Hospital Cirurgia. “Ela faleceu por
causa de uma infecção generalizada, decorrente de um erro médico nas duas
primeiras cirurgias”, disse o advogado Wilson Teles Barroso.
Histórico
O calvário de Maria Helena começou, na
verdade, no dia 2 de fevereiro quando ela se sentiu mal e foi levada, pelos
familiares, para o Huse. “Ela foi atendida e depois veio a ser operada pelo
médico Erick Barboza, porque tinha um aneurisma. Como, após essa cirurgia a
paciente não demonstrou melhora, os familiares tentaram, por diversas vezes,
localizar o neurocirurgião para obter explicações, sem sucesso”, disse
Wilson Teles.
Ele explicou,ainda, que durante o plantão
na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Huse, “os médicos intensivistas de
plantão afirmaram para uma das filhas da paciente que o neurocirurgião não
tinha conseguido clipar (interromper) o aneurisma, demonstrando falta de
perícia e competência para cumprir aquele trabalho”.
Mas, dias depois, Maria Helena, já em coma,
foi submetida à segunda cirurgia pelo próprio Erick, “desta vez, sem comunicar
a família da paciente”, sustenta o advogado. “Ele queria consertar o erro na
primeira cirurgia”. Somente dias depois é que, depois de transferida para a UTI
do Hospital Cirurgia, é que a paciente foi operada novamente – desta vez por
Ronald Barcellos - que viu o fio de cabelo.
O advogado do neurocirurgião Ronald Walter
Neto, disse que seu cliente fez o procedimento correto, ao prestar queixa na
polícia. A coordenadora de Delegacias da Capital, Viviane Pessoa disse que na
segunda-feira definirá qual das delegacias vai apurar as denúncias feitas por
Ronald Barcellos. Já o médico Erick Barboza não foi localizado para falar a
respeito do assunto, apesar das ligações para os telefones celulares dele, as
quais nunca retornou.
Com informações do Jornal da Cidade
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